Estratégia é o modo de ver o Mundo. A Cultura Estratégica é dinâmica e assenta em três dimensões: o Tempo / o Espaço / os Valores. Portugal é um exemplo extraordinário e quase milenar da conjugação destes três elementos. A visão humanista das relações internacionais e o modo de ver o Mundo como um Sistema em interconexão é um ativo extraordinário e uma vantagem competitiva. A expansão e, designadamente, as rotas marítimas criadas pelos Portugueses tinham como pressuposto esta visão do Mundo.
A sobrevivência e afirmação de Portugal durante séculos explicam-se pela sustentabilidade do seu pensamento estratégico, da existência de uma memória estratégica e de um fator histórico que sustenta a memória e o pensamento. Estes dois elementos são os estruturantes de qualquer cultura estratégica - memória e pensamento estratégico (sempre dinâmico mas estável nos valores e na geografia de onde parte).
A Geografia tem de ter uma interpretação. O território é mais do que um espaço, deve ser visto integrado numa visão do Mundo, algo semelhante ao modo como se vê a partir do espaço...
Portugal e os Portugueses têm futuro melhor ao decidir e agir de acordo com a sua visão e pensamento sobre o Mundo, que constitui forma de afirmação internacional e reforço da sua competitividade no concerto das Nações.
A Cultura Estratégica é essencial no mundo moderno e compõe-se de: 1) Memória Estratégica - o que vai ficando na memória coletiva, a sua marca identitária, diz respeito à realização dos fins essenciais; e 2) Pensamento Estratégico - conjunto de ideias, ações, visão do mundo, valores e cultura. A Cultura Estratégica ajuda a garantir a continuidade do nosso passado no presente e a preparar prospetivamente o futuro.
Os Povos são garantes da sobrevivência e afirmação da Nação. Organizam-se para melhor poder desempenhar esse papel de assegurar a continuidade e afirmação internacional, para o qual precisam dos seus mitos fundadores que estão na base da identidade nacional, que é descoberta na comparação com os demais povos. O Orador citou exemplos, relacionando portugueses e espanhóis (Camões v. Cervantes, Lusíadas v. D. Quixote, expansão com matriz em descobertas v. expansão com matriz em conquistas, povo marítimo v. povo continental, etc).
A grande diferença na atualidade e no mundo global, em todas as dimensões do pensamento e das atividades humanas, relativamente à História, é que cada um dos líderes (de pensamento, da cultura, empresariais ou políticos) além do próprio País como um todo, tem de tomar decisões no seu dia a dia que exigem cultura estratégica. Daí a importância do Curso de Introdução à Cultura Estratégica, "em bom tempo criado e em execução" e que merece aplauso, segundo o elogio e o incentivo do Prof. Doutor Heitor Romana nas suas palavras finais.
Mais informações sobre o CICE - Curso de Introdução à Cultura Estratégica e à Cultura Marítima Estratégica